Escritora portuguesa (nascida no Porto, 1919). A sua vasta obra reparte – se pelos domínios da poesia, da prosa de ficção e da narrativa para crianças (…).
A obra poética de Sofia alberga diversos poemas e textos de carácter metapoético que explicitam esta concepção da Poesia como culto do Absoluto e do poeta como mediador. O Bem e o Mal, a salvação e a perdição, a verdade e o fingimento, a justiça e a injustiça, o puro e o impuro, o ser e o não ser, são algumas dicotomias que atravessam e constituem o suporte axiológico desta recolha. Mas o narrar não se circunscreve à indagação metafísica e à função exemplar. Ele constitui também um dos modos de comunhão com o mundo, uma das formas de religião entre o sujeito e as coisas: pela memória dos lugares amados (o mar, a praia, a casa), pela evocação das paisagens exteriores e dos ritmos interiores.
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
sábado, 6 de junho de 2009
Sofia de Mello-Breyner Andresen (1919)
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