Era filho do jornalista Reinaldo Ferreira, o célebre “Repórter X”. Foi para Moçambique (para a cidade, então de Lourenço Marques, hoje Maputo), em fins de 1941, onde completou o curso secundário (7º ano dos liceus) e onde se conservou, salvo poucas vindas a Portugal, até Junho de 1959, altura do seu falecimento.Alguns dos seus amigos e admiradores resolveram reunir e fazer publicar, na Imprensa Nacional de Moçambique, em 1960, o melhor dos seus versos, fazendo-os acompanhar de uma “Introdução” e “Notas Explicativas”. Poemas, assim ficou sendo chamado o livro do autor: “(…) obra inteligente e procurada, talvez sempre provisoriamente acabada, aguardando uma perfeição maior” -, diz-se, dela, nessa “Introdução”
…Em 1966, a Livraria Portugal, de Lisboa, voltou a editar essa obra, com um prefácio de José Régio que refere:” Ninguém ousaria dar outro título a essa reunião de poesias pertencentes a livros diferentes e inacabados, para os quais já o poeta sonhara títulos bastante pessoais. Sem dúvida, pelo menos para quem entenda que toda a verdadeira poesia implica profundas e originais vivências humanas, constituíram os Poemas de Reinaldo Ferreira inesperada revelação de um grande poeta português (…) uma obra que, mesmo chegando até nós fragmentada, pela sua densidade substancial e a sua beleza formal já entrou como peça de rara qualidade no tesoiro da nossa poesia.”
A TUA MÃO É QUE DESPERTA ABRIL
A tua mão é que desperta Abril
E, só de lhe tocar, reveste a rosa
E o vento vem, à tua mão airosa,
Como o cordeiro vem ao seu redil
É a tua mão que nos ascende, às mil,
Estrela por estrela, a clara noite oleosa
E nela, a vasta vaga procelosa
Semelha avena mansa e pastoril.
Oh! mão que nos semeias maravilhas,
Afastas do naufrágio as gastas quilhas
E deténs o trovão que nos assombra!
Oh! mão de alado gesto poderoso!
Entre todos sou eu quem, mais ansioso,
Aguarda que me cubra a tua sombra!
sábado, 6 de junho de 2009
REINALDO Edgar de Azevedo FERREIRA (1922-1959)
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