sábado, 6 de junho de 2009

ANTERO DE QUENTAL (1842 – 1891)

Antero Tarquínio de Quental nasceu em Ponta Delgada Açores em 1842 e aí se suicidou em 1891. A sua existência, posto que breve, decorreu em altitude moral e intelectual que explica a influência que exerceu e o renome que deixou. Podemos senti-la no In memoriam que os amigos lhe consagraram e em que sobressai o ensaio de Eça de Queirós, reproduzido nas Notas Contemporâneas, ”Um génio que era um santo” (…) Enquanto frequentou a Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito (1858 – 1864), foi o guia da Academia em todos os movimentos provocados pelo conflito entre o conservantismo universitário e o espírito inconformista dos estudantes, que se opunham às doutrinas ultrapassadas (…)
Cumpre que a moderna poesia esqueça as etéreas Elviras, para se ocupar da Humanidade. Reivindica ela “o direito do homem em face do seu semelhante (…), da Natureza (…) de Deus”; ajudá-lo-á a conquistar “ a máxima liberdade moral (…), a emancipação dos dogmas enganosos, em política como em religião, na economia como na moral” (…) punha acima do talento “ a virtude, a independência de alma, a dignidade do pensamento”.





A um poeta


Tu, que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno,

Acorda! é tempo! O sol, já alto e pleno,
Afuguentou as larvas tumulares...
Para surgir do seio desses mares,
Um mundo novo espera só um aceno...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! são canções...
Mas de guerra... e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

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