Escritor português, natural de Lisboa. Matriculou-se na Faculdade de Direito de Coimbra em 1911, mas não chegou sequer a concluir o ano. Em 1912, publicou duas obras: a peça de teatro Amizade (de parceria com Tomás Cabreira Júnior) e as novelas reunidas sob o título Principio. Nesse mesmo ano, seguiu para Paris, onde deveria estudar direito, mas dedicou-se sobretudo à vida de boérnia dos cafés e salas de espectáculo da capital francesa. No ano seguinte, durante urna passagem por Lisboa, publicou A Confissão de Lúcio (prosa narrativa) e, em 1914, Dispersão (poemas). Nesse mesmo ano regressou a Paris. Em 1915, era um dos membros do grupo de Orpheu, revista em que colaborou. A crise interior que o afectava levou-o, em 1916, ao suicídio.
Como escritor, Mário de Sá-Carneiro demonstra, na fase inicial da sua obra, influências do decadentismo e até do saudosismo, numa estética do vago, do complexo e do metafísico; aderiu posteriormente às correntes de vanguarda do paulismo, do sensacionismo e do interseccionismo, apresentadas por Fernando Pessoa, de quem era amigo. O delírio e a confusão dos sentidos, marcas da sua personalidade, sensível ao ponto da alucinação, com reflexos numa imagística exuberante, definem então a sua egolatria, uma procura de exprimir o inconsciente e a dispersão do eu no mundo. Este narcisismo, frustrada a satisfação das suas carências, levou-o a um sentimento de abandono e a uma poesia auto-sarcástica, revendo-se o poeta na imagem de um menino inútil e desajeitado. A sua crise de personalidade, que se traduziu no frenesim da experiência sensorial e no desejo do extravagante, foi a da inadequação e da solidão, da incapacidade de viver e de sentir o que desejava, levando a uma tentativa de dissolução do ser consumada na morte.
Para além das obras já referidas, foi autor de Céu em Fogo (1915) e do volume póstumo Indícios de Ouro (1937). As suas Cartas a Fernando Pessoa foram reunidas em volume em 1958 e 1959.
A um morto nada se recusa, Fim
Quando eu morrer batam em latas,
Rompam aos saltos e aos pinotes,
Façam estalar no ar chicotes,
Chamem palhaços e acrobatas!
Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
Eu quero por força ir de burro.
sábado, 6 de junho de 2009
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO (1890-1916)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário