Poeta e cronista brasileiro, fez estudos secundários em Nova Friburgo (Rio de Janeiro) e superiores em Belo Horizonte, onde se diplomou farmacêutico, profissão que nunca iria exercer. Descendente de família rural, fez-se burocrata e entregou-se às letras. Aceitou o Modernismo, de que veio a ser uma das maiores figuras. Poeta frequentemente sarcástico, irónico, cheio de humor, disfarça com isso um lirismo puro e profundo, uma enorme simpatia humana e uma constante e aguda preocupação com o sentido da vida e o destino do homem. Tem horror ao sentimento e ao patético, mas aguarda limpidez de sentimento e um agudo sentido do trágico, que comunica com muita discrição e finura. Alguns dos seus poemas, como “José”, “A Morte do Leiteiro”, “A Máquina do Mundo” ou o “Caso do Vestido”, alinham –se entre os melhores da língua portuguesa. Como cronista, comenta os acontecimentos com ironia e graça, deixando sempre ver a sua preocupação com o autêntico, com as coisas essenciais do homem. Colaborou regularmente nos jornais cariocas Correio da Manhã e Jornal do Brasil.
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
sábado, 6 de junho de 2009
Carlos DRUMMOND de ANDRADE (1902-1987)
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