sábado, 6 de junho de 2009

ANTÓNIO GEDEÃO (1906 – 1997)

Pseudónimo de Rómulo de Carvalho (Lisboa, 1906 – 1997). Licenciado em Ciências Físico – Químicas, foi professor do Ensino Secundário, tendo, durante muitos anos, desempenhado funções de metodólogo na área da sua especialidade. Sócio da Academia das Ciências de Lisboa, é doutor honoris causa pela Universidade de Évora (1995).
António Gedeão estreou – se poéticamente, com Movimento Perpétuo, em 1956, quando já era autor de diversos trabalhos didácticos e de divulgação científica, subscritos com o seu nome civil. Coetâneo dos poetas da Presença, a sua revelação tardia como poeta aos 50 anos, num período em que já se encontram sedimentadas as grandes conquistas do modernismo, permite observar o percurso feito por esse mesmo modernismo em algumas das suas linhas de força fundamentais, uma vez que surgia, como Jorge de Sena logo observou em 1958, na 3ª série das Líricas Portuguesas, como lídimo continuador de toda a herança modernista.






Soneto


Ao Luís Vaz, recordando o convívio da nossa mocidade.
Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer os olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
não pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arredeio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.

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