Nasceu em Vila Viçosa em 1894, morreu em Matosinhos em 1930.
Personalidade excepcional, de profunda riqueza interior, fez poesia da sua experiência de mulher, com superior consciência artística – poesia generosa, convulsa e ardente, em que toda a gama do amor se desdobra, da exaltação dos sentidos ao apetite de sacrifício, aos momentos de plenitude e de beatitude aos extremos de ternura e aos de desencanto e sofrimento, ao ressaibo amargoso das análises lúcidas, à consciência da solidão na união, da dolorosa, inelutável alteridade.
Através de estados excessivos de transporte e de aniquilamento, numa vibração prodigiosa, que raros poetas atingem, mesmo numa lírica caracterizadamente emocional como a nossa, Florbela Espanca reflecte uma fundamental insatisfação – ânsia de absoluto, de infinito.
Só
Vejo-me triste, abandonada e só
Bem como um cão sem dono e que o procura,
Mais pobre e desprezada do que Job
A caminhar na via da amargura!
Judeu Errante que a ninguém faz dó!
Minh’alma triste, dolorida e escura,
Minh’alma sem amor é cinza e pó,
Vaga roubada ao Mar da Desventura!
Que tragédia tão funda no meu peito!…
Quanta ilusão morrendo que esvoaça!
Quanto sonho a nascer e já desfeito!
Deus! Como é triste a hora quando morre…
O instante que foge, voa, e passa…
Fiozinho de água triste…a vida corre…
sábado, 6 de junho de 2009
FLORBELA de Alma da Conceição ESPANCA (1894 – 1930)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário