Pseudónimo literário do médico Adolfo Correia da Rocha, que nasceu em S. Martinho de Anta (Trás-os-Montes) em 1907.
Na sua obra, muito volumosa e exemplarmente significativa, contam-se livros dos mais variados géneros: poesia, teatro, ficção narrativa em prosa, romance, impressões de viagem, e um pessoalissimo Diário, em prosa e verso (…) e onde se encontra de tudo: crítica social, polémica, apontamentos de paisagem, esboços de contos, apreciações culturais, reflexões de moralista, invectivas de franco-atirador, e, muito frequentemente, magníficos textos da mais alta poesia. A despeito, porém, de tal diversidade de géneros ( e menos feliz porventura nos que exigem, como o romance, maior estruturação), toda a sua obra é a expressão coesa, embora multifacetada, de um indivíduo bem definido, de nítidos contornos e límpidos intuitos, veemente, vibrante, enternecido pelas criaturas, revoltado perante o Criador.
Liberdade
— Liberdade, que estais no céu...
Rezava o padre-nosso que sabia,
A pedir-te, humildemente,
O pio de cada dia.
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia.
— Liberdade, que estais na terra...
E a minha voz crescia
De emoção.
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração.
Até que um dia, corajosamente,
Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado,
Saborear, enfim,
O pão da minha fome.
— Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome.
sábado, 6 de junho de 2009
MIGUEL TORGA (1907 - 1995 )
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